Wednesday, March 22, 2006

OST

Há tempos pensei numa banda sonora para Rabarrabos. Mas algo que não fosse o berregar das ovelhas, os cães a ladrar os sinos a tocar ou, no Verão, as rãs a coaxar. Também os gritos estridentes das mulheres estão excluídos.
  1. Hyim for a Village - James
  2. Neighborhood - Arcade Fire
  3. O Coro das Velhas - Sérgio Godinho
  4. Military Wives - The Decemberists
  5. Red, Red Wine - UB40
  6. Rock the House - Gorillaz (há outra versões, nomeadamente Prodigy)
  7. Big Cheese - Nirvana
  8. Home - Zero 7
  9. A Casa - Rodrigo Leão
  10. Grey Street - Dave Mathews Band
  11. Verão em Portugal - Tony Carreira
  12. Little Church - Miles Davis
  13. Corner of Earth - Jamiroquai

É uma escolha eclética como vêem. Nem sempre é possível agradar a gregos e a troianos, desta vez fiz o que estava ao meu alcance.

Links

O Dr. Google mostra-nos o mundo.
Rabarrabos não é excepção.
http://www.fallingrain.com/world/PO/7/Rabarrabos.html
http://www.travelpost.com/EU/Portugal/Coimbra/Rabarrabos/map/1243986

Neste: http://www.chsc.uc.pt/biblioteca/digital/011.htm#sdfootnote1sym também se fala de Rabarrabos embora apenas muito superficialmente. Contudo, refere a grandeza de Rabarrabos "back in" 1838. "De entre os mais populosos, destacam-se Rabarrabos com 51 fogos..."

Wednesday, March 15, 2006

Batatal

Pois é pessoal da enxada. Quem aproveitou estas dias de Verão (2ª, 3ª-feira e hoje) fez bem. Agora já anunciaram chuva. As minhas batatas do quintal já levam uma ramita. E já as vejo por Rabarrabos bem crescidinhas.
As favas também.

Namoricos

A minha vizinha Outra. Está com uma idadezinha mas sempre quis que a tratassemos na segunda pessoa do singular. Na Rua Entre-as-Eiras, mora a minha tia-avó (que ainda se lembra de ver, quando criança, a Torre do Relógio do Castelo de Penela). Em frente mora Fulano-de-Tal.
A Outra é porreira, simpática e bem-disposta. Mas há quem diga que ela é estranha. Bom, todos nós somos diferentes e temos as nossas manias. Curiosa, não deixa de ser a lápide de um seu familiar - ela não quis colocar nada daquelas coisas de nome, nascimento e falecimento; pôs só uma frase e nínguem sabe quem ali está.
Bom, no sábado da festa, depois do jogo houve a febrada. Pó convívio. Muita carne. Muita broa. Muito pão. Muito sumo. E, claro muito vinho. Estavam por ali umas mesas e umas cadeiras e aí vai uma cartada. E vinho a regar. Fulano-de-Tal esteve a jogar - e a beber. Passadas umas horas largaram-se as cartas. Começou a desgarrada, os gaiteiros (que tinham feito a arruada à tarde e animado o intervalo do jogo da bola) tocavam, e Fulano-de-Tal e o outro que não é de cá e já foi GNR a cantar. Bem, aquilo era cada bujarda. Pelo meio senti um insulto de Fulano-de-Tal: qualquer coisa a respeito do outro que ele fez rimar com merda. Mas o vinho corria goela abaixo e já nínguem dava conta de nada.
Era noite, fui para casa. A música ainda se ouvia mas os gaiteiros tinham que ir embora. Vinho ainda havia.
Fulano-de-Tal, recolhendo a casa, passou lá à minha porta:
"Eh pessoal, e logo é pó baile."
"Ah, se calhar não."
"O quê? Não digas isso, ó rapaz! Tens que lá ir"
"Depois se vê"
"Eu quando tinha a tua idade não faltava a um. Ver as cachopas!"
E agora meus amigos vinha a revelação. Algo que nunca me tinha ocorrido e ainda hoje me causa alguma perplexidade:
"Uma vez namorei com esta aqui. - Apontando em direcção à casa da Outra. - Ainda foi algum tempo. Mas ela é muito esquesita. Acabou tudo."
"Pois então, uma pessoa tem que ver com quem se entende melhor."
"É, rapaz. É isso. Olha, vou cá. Vá e aparece lá no baile!"
Onde quero chegar? Bem, uma aldeia pequena. Que raio de promiscuidades se passaram outrora com aquela gente? Hoje, o pessoal tem carro, vai para todo o lado (trabalhar, estudar, passear) e conhece muita gente e míudas diferentes. Mas antes? Que grande salganhada não vai para ali.

Tuesday, March 14, 2006

Informações

Caríssimos leitores, a vossa espera é agora recompensada. Aposto que se interrogaram antes de mais com a palavra Rabarrabos. Aqui ficam então os devidos esclarecimentos. Rabarrabos é uma aldeia da freguesia de São Miguel, concelho de Penela, distrito de Coimbra. Infelizmente as informações de que disponho só alcançam o ano de 1911. Aqui ficam elas:
  • Em 1910, ocorre a implantação da República. O Estado, na necessidade de saber com o que contava, faz no ano seguinte um recenseamento da população. O resultado de Portugal Continental e Insular soma cerca de 6 milhões de habitantes. E em Rabarrabos, 283 habitantes distribuíam-se por 76 fogos.
  • Em 1924, face às necessidades da população a Capela em honra do mártir São Sebastião é ampliada.
  • O Estado Novo desejava (até certo ponto) a diminuição da taxa de analfabetismo; para isso também terá contribuído a inauguração da escola primária em 1935.
  • No ano em que termina a II Guerra Mundial, a aldeia vê aberta a estrada que a liga a Penela. E como faziam antes? Devia ser só um caminho de cabras.
  • Em 1956, constitui-se a Comissão de Melhoramentos, responsável por entre outras coisas a festa da aldeia (com o jogo de futebol solteiros-casados, que ainda hoje traz muitos espectadores, upa upa).
  • No ano seguinte, ocorre, na minha singela opinião, algo desnecessário: a mudança do nome da aldeia - Rabarrabos era agora São Sebastião. A ideologia do Estado Novo não apreciava esta toponímia considerada ofensiva. Hoje, ainda sobram Pichas e Vendas da Gaita; portanto quero aqui afirmar publicamente o meu desejo de ver no meu remetente a bela localidade de Rabarrabos.
  • O progresso chegava. Em 1962 (ainda era Duarte Pacheco o ministro das Obras Pública? - Bem haja), inauguram-se os novos arruamentos. Os adeptos benfiquistas saíam para as novas ruas festejar a conquista pela segunda vez da Taça dos Campeões Europeus.
  • E em 1963, a instalação da corrente eléctrica e iluminação pública. Os sepiternos não tinham agora desculpa para andar aos "S'S" pelas ruas após o pôr-do-sol. E dentro de algum tempo a salga será substituída pelos congeladores e frigoríficos.
  • 1964, o primeiro "motard" de Rabarrabos fazia a sua aparição em cima de uma lambreta.
  • Em 1966, a caixa que revolucionou o mundo chegava pela primeira vez a um lar de Rabarrabos. Mas o Sport Lisboa e Benfica tem preto(, cinzento) e branco no equipamento? Onde estão as camisolas berrantes que o seu hino canta?
  • É meio-dia em Rabarrabos, na terra o agricultor apoia a enxada perpendicularmente ao chão, já não há sombra, é hora de ir para casa e almoçar. Este gesto apartir de 1967 vai gradualmente desaparecer. Rabarrabos tem agora na torre sineira da Capela de São Sebastião um relógio com aparelhagem sonora. Também neste ano, o pecúlio de alguém servirá para comprar o primeiro automóvel de Rabarrabos; o que não significa que tenha sido o primeiro a circular lá. O mais antigo que me lembro é o boca-de-sapo azul claro do Tito do Santo que no final da sua vida ía consumindo 20l aos 100km!
    Espantoso aquele bólide.
  • A festa do São Sebastião passou a realizar-se em Agosto - 1969.
  • Em 1972, a festa é reposta no Domingo da Pascoela. Em Agosto faz muito calor para se realizar o jogo solteiros-casados, além disso a febrada que se faz depois atraía mais moscas.
  • A estrada Rabarrabos-Penela conta 3km. A liberdade do 25 de Abril permite às pessoas exprimirem-se e comunicarem como antes não podiam fazer. Para isso, são importantes os 2km que em 1975 são alcatroados dessa mesma estrada.
  • Em 1977, é construído o Centro Social (no cabeço). Oficialmente, serve para bailes, actuações, almoços, (outrora) teatro e espectáculos de magia, no segundo piso há peças da etnografia local. Mas para mim é simbolicamente a sede do glorioso clube C.D.R.C.S. ( http://www.hattrick.org ).
  • 1978, o cheiro do alcatrão entra casa dentro. As ruas da aldeia estão asfaltadas.
  • Os jogadores do nosso clube já não aguentavam ter que ir tomar banho à lagoa ou em casa com uma bacia. Mas, em 1982 a água canalizada chegou. E o novo balneário foi uma realidade.
  • As ruas estavam bonitas, mas faltava qualquer coisa. Em 1983, a toponímia é inaugurada. A rua de entrada pela estrada de Penela: Rua do Caminho da Vila. As ruas principais: Rua das Quintas, Rua da Comissão de Melhoramentos. Os largos, para a brincadeira e para a actuação do rancho: Largo do Rossio e Outeirinho do Santo. A morada onde o autor do blog recebe os fãs para além da Rua das Quintas: Rua Dr. Manuel Ramos e Largo do Soalheiro (a professora de português do secundário delirava porque os largos e ruas do soalheiro são em qualquer ponto do mundo o local preferido das senhoras para porem a conversa - e os mexericos - em dia, muito corte-e-costura se fez à minha porta).
  • O grandioso Anno Domini 1984! Serviu de título a um livro. Eu nasci. O parque infantil foi construído; bem como o campo de futebol - onde se realiza o solteiros-casados (então e antes? Não se jogava?). Mas actualmente meus caros, perdõem-me a apropriação, o campo de futebol tornou-se no Estádio do Eucaliptal, grandioso recinto onde o C.D.R.C.S. Rabarrabos recebe os seus oponentes.
  • O Monte de Vez deixa de ser um mero local com uma vista fantástica para ser local de peregrinação pelo menos uma vez por ano. É abençoada a Capela da Senhora do Monte - 1988.
  • Em 1989, mais um erro tremendo. Abriu-se a porta de entrada para um povo rude - a estrada Rabarrabos - Casas Novas. Ainda hoje não os conseguimos entender, quanto mais civilizar. Um missionário precisa-se.
  • 80 anos depois, a informação era diferente. Portugal tinha mais 3,9 milhões de pessoas relativamente a 1911. O censo de 1991 revela, relativamente a Rabarrabos, 84 fogos onde habitam 220 pessoas. Curioso, o número de fogos aumenta e a população diminui. As famílias não são tão numerosas, deixam de estar debaixo do mesmo tecto 3 ou 4 gerações, a qualidade de vida aumenta - explicações são várias para a diminuição da média populacional de 3.7 para 2.6 hab/fogo( http://www.janelanaweb.com/digitais/portugalmexe.html ).
  • Mais uma ligação para chegar mais rápido a Rabarrabos: a estrada até ao Espinheiro aberta em 1994.
  • No novo milénio é preciso conhecer a evolução da população. Em 2001, há mais de 10 milhões de pessoas a viver no território português. 182 estão em Rabarrabos, dispersas por 75 fogos. A média desce novamente: 2.4 hab/fogo. Conclusões? Tirem as que quiserem.
  • O progresso continua. Estrada até Chão de Ourique aberta. Será que foi neste Ourique que em tempos medievais se guerreou? É plausível. Ourique no Alentejo era muito longe, não fazia sentido irmos lá dar uma coça aos muçulmanos se o limes de Portugal estava no rio Tagus.
  • Fernando Antunes, cujo pai era primo da minha avó, visita em 2003 Rabarrabos na condição de Governador-Civil de Coimbra. Ele fora anteriormente presidente da câmara municipal de Penela desde 1981 e durante 23 anos e é hoje deputado na Assembleia da República na bancada laranja ( http://www.gppsd.pt/default.asp?s=11585&i=1929 ).

Wednesday, March 01, 2006

Oficial

É a loucura em Rabarrabos! Um seu habitante fez pela primeira vez na História da localidade um blog. O que será a seguir?! Onde é que isto vai parar?